São Tomé e Príncipe, localiza-se no Golfo da Guiné e consiste em duas ilhas principais – Ilha de São Tomé (a mais populosa, onde está situada a capital) e Ilha do Príncipe, separadas 140 km uma da outra.
Estas ilhas foram colonizadas pelos portugueses. O rico solo vulcânico e a proximidade com a linha do Equador, tornaram São Tomé e Príncipe ideal para o cultivo de açúcar de café e de cacau.
Em 1975 tornou-se independente.
Atualmente, São Tomé e Príncipe é um país turístico. O clima tropical, a beleza natural das praias de água quente, a vegetação a perder de vista e o seu povo, alegre e acolhedor, tornam este país uma óptima opção de viagem.
A viagem que fizemos não foi uma viagem de luxos, mas sim de simplicidade. Foi feita por conta própria, em contacto sempre com os locais.
Não é para todos, é para quem tiver mente aberta. Nós gostámos muito de São Tomé e Ilha das Rolas. Não são as fotos ou vídeos que conseguem traçar fielmente este país. É preciso visitar para se perceber porque se gosta.
Neste post pode ler sobre:
Peripécias de São Tomé: Problemas com o Jipe; problemas com a casa alugada; peripécias com a criançada; animais inconvenientes; o ritmo leve-leve; a falta de luz pela ilha.
O melhor de São Tomé: A simpatia dos São-Tomenses; as praias e a vegetação; as frutas e o peixe.
Os problemas de São Tomé: As casas; o lixo e a falta de higiene; a pobreza; a corrupção; falta de mão de obra e aumento do custo de vida.
Dicas e Curiosidades: Dinheiro; preço dos alimentos; segurança; transportes; guias; saúde; visto; clima; quando ir; o cacau de São Tomé.
No quarto dia, quando chegámos a casa não tínhamos água nem luz. Tivemos de tomar banho de caneca, iluminados pelos telemóveis!!! No sexto dia, durante a noite não tivemos luz novamente.Os cafés e restaurantes têm geradores e era para lá que íamos quando não tínhamos luz em casa. Pelo que li a falta de eletricidade no país “está dependente” do
fornecimento de acessórios importados e da disponibilidade das marcas e
técnicos para se deslocarem a S.Tomé para resolverem os problemas de
funcionamento das centrais elétricas.
Os cafés e restaurantes têm geradores e era para lá que íamos quando não tínhamos luz em casa. Pelo que li a falta de eletricidade no país “está dependente” do fornecimento de acessórios importados e da disponibilidade das marcas e técnicos para se deslocarem a S.Tomé para resolverem os problemas de funcionamento das centrais elétricas.
As crianças representam cerca de 50% dos habitantes do país. Por isso, a idade média em São Tomé é de 19 anos.
Muitas destas crianças já tem responsabilidades e começam a fazer determinados trabalhos muito cedo. Algumas não vão à escola para cuidar dos irmãos e ajudar a família que tem de ir vender à feira por exemplo.
Vimos imensos miúdos pequenos pela rua sozinhos a tomar conta de irmãos mais novos.
Também vimos meninas no rio a lavar a roupa.
Recomenda-se não dar doces a estas crianças, mas sim roupa ou material escolar que é o que precisam realmente. Nós levámos várias caixas de canetas e lápis oferecidas pela Brindicis na Batalha.
As crianças de São Tomé ainda brincam na rua com um simples pneu, movido com dois paus de vassoura.
Esta história passou-se ao fim do dia na praia das conchas.
Embora tivéssemos o cuidado de usar
repelente contra insetos, a verdade é que ao fim do dia os insetos atacam mais
e na falta duma casa de banho fui fazer o nº dois atrás dum arbusto e fui
atacada por mosquitos de tal maneira que fiquei com grandes inchaços até no
rabo!!!! Por isso, cuidado com o corpúsculo em São Tomé!
Em África tudo corre devagar… sem pressas nem correrias. O ritmo é tão lento que lhe associaram uma expressão que traduz a vivência das pessoas de São Tomé … leve, leve.
Ao sair da praia Jalé ao fim do dia
aconteceu uma situação curiosa. Um adolescente veio ter connosco e pediu-nos
boleia. Aceitámos dar-lhe boleia, mas antes quis tirar uma fotos comigo e
com a minha colega, com os homens não!!! O mais estranho foi que não tinha
telemóvel, por isso, a foto foi feita com o nosso telemóvel e nem sequer
nos pediu que enviássemos para ele, pelo que, ficámos sem perceber porque é que
ele quis tirar fotos connosco!!!
Quando entrou no carro, madre miaaa que
cheiro!!!! Já não devia tomar banho há vários dias. Para tornar a situação mais
caricata, tinha uma grande catana na mão, que noutras circunstâncias poderia ser
considerada uma arma para nos fazer mal, mas em São Tomé a catana é um objeto
normal nas mãos dos homens, rapazes e até crianças pequenas. Era de
poucas palavras e só respondia sim e não, às nossas perguntas, daí que foi
pouco entusiasmante a boleia mal cheirosa que ainda durou meia hora. A verdade
é que ele se tivesse ido a pé provavelmente demoraria o mesmo tempo a chegar ao
destino que nós, pois andávamos muito devagar por aquelas estradas, mas
acontece que já era de noite e não havia iluminação noturna e assim ele teria
alguma dificuldade a fazer o caminho a pé.
Logo de
manhã parámos à beira da estrada numa senhora que vendia fruta e perguntámos
até que horas estaria ali a vender. Disse-nos que naquele dia em particular
ficava apenas até ao meio dia, porque era quarta feira de cinzas, logo, era
dia de fazer sopa calulu e arroz doce de milho.
Neste dia em São Tomé, as famílias reúnem-se para manter a tradição, comendo pratos tradicionais.
Quando andámos pela roça do Agostinho perguntei ao guia (O
simpático Willy) se haveria possibilidade de provar a típica sopa calulu. Ele
levou-nos a casa duma senhora muito querida (a Nina!) que nos explicou como fez a sopa
que esteve mais duma hora ao lume. Ela
pode ser confecionada com peixe seco e fresco ou com carne seca, conforme o
gosto. Tem muitos outros ingredientes como o tomate, o alho, os quiabo (vegetal
que parece um mini pimento), a batata doce, o espinafre, abobrinha etc…e o óleo
de palma.
As praias de São Tomé fazem parte do melhor da ilha, com as suas águas mornas, sempre acima dos 26 graus.
Ao longo da semana, descobrimos várias praias bonitas em São Tomé, mas foi no dia em que fomos ao Ilhéu das Rolas, que vimos as mais belas praias.
A praia das Sete Ondas, onde vimos praticarem surf; a praia Jalé, onde é possível ver a desova das tartarugas; a Praia dos Tamarindos e dos governadores, com areia dourada; ou a Praia Piscina, cujas formações rochosas formam uma piscina natural, são algumas das mais conhecidas e todas merecem uns bons mergulhos.
As frutas são imensas e há para todos os gostos: manga, coco, jaca, fruta-pão, banana, goiaba, papaia, carambola, cajamanga, a mata-bala, o maracujá. etc.
Há muito lixo por todo lado e principalmente nas ruas da cidade. Parece que a única
lixeira do país, na localidade de Penha, estava congestionada. Tudo
por causa de dívidas acumuladas pela autarquia, que não pagou a dívida às empresas que apoiam a limpeza da cidade.
Faz falta muitos caixotes do lixo pela ilha e uma campanha de sensibilização, para incentivar a população a colaborar com a autarquia na limpeza e higiene da cidade. Vimos muito lixo e falta de limpeza que era completamente desnecessária se os São Tomenses fossem educados a limpar.
A pobreza...
A população é pobre e sofrem duma maneira geral de desnutrição, falta de água potável, falta de saneamento básico, abandono escolar e trabalho precoce.
A taxa de gravidez precoce ronda os 20% e registam-se muitos casos de violência doméstica. Vimos muitas adolescentes já com filhos.
Os cuidados médicos são muito precários e poucos acessíveis a determinadas zonas da ilha, daí que a esperança média de vida seja aos 65 anos.
Há uma frase de Dalai Lama que diz “O homem perde a saúde para juntar dinheiro e depois perde dinheiro para recuperar a saúde”.
No caso de São Tomé podem não ficar doentes de stress, mas se ficam doentes por outro motivo qualquer, podem sofrer consequências graves porque não lutam para ter melhores condições de vida e consequentemente melhores condições de Saúde…
A corrupção...
São Tomé e Príncipe tem um enorme potencial para o turismo: como já referi, tem praias com água quentinha, tem cultura, história, gastronomia, um povo simpático, uma imensa variedade de frutas, uma natureza incrível com distintas cores verdes que vemos nas magnificas florestas tropicais, desde as praias até às montanhas,
Porém, mesmo com isto tudo, vimos por lá muitos poucos turistas e a razão para tal, é que tem muita falta de infraestruturas para poder crescer nesta área. Por lá falta tudo, por um lado porque os São Tomenses não se esforçam muito para ter mais, por outro a corrupção é um entrave para o desenvolvimento da ilha. O fato de haver muita corrupção na ilha, não atrai o investimento estrangeiro. O país precisa urgentemente dum governo capaz de implementar grandes reformas que ajudem ao desenvolvimento deste país.
Falta de mão de Obra e aumento do custo de vida...
O nº reduzido de trabalhadores no país dificulta a produção de bens e serviços à escala necessária para satisfazer a procura. Os custos de exportação são altos, impedindo o país de variar a sua economia.
Como a população está dispersa, implica uma elevada despesa pública para fornecer serviços públicos adequados.
São Tomé o Príncipe cresceu alguma coisa nos últimos 20 anos por causa da ajuda externa e empréstimos do governo, juntamente com agricultura, turismo e investimento direto estrangeiro que esperava encontrar petróleo na ilha.
Recentemente, à semelhança do que aconteceu em Portugal, também sentiu o aumento do custo de vida provocado pela pandemia de covid-19, e pelo impacto da guerra na Ucrânia. O país é dependente do exterior em termos alimentares e como em todo lado, são os mais pobres que sofrem mais com o aumento brutal da inflação. Cerca de 80% da população vive com menos de 3 eur por dia.
Dinheiro
A moeda oficial de São Tomé e Principe é a Dobra. Quando lá
estive 25 Dobras equivaliam a 1€.
As caixas de multibanco são raras, por isso levantar dinheiro está
fora de questão.
O melhor a fazer é levar uma boa quantia de euros e trocar lá por
Dobras. Na capital de São Tomé é muito fácil trocar dinheiro, pois há sempre
homens a perguntar-nos se queremos trocar dinheiro.
Preços dos alimentos
Os preços dos produtos não são baratos porque importam quase tudo.
Segurança
É um país seguro e durante as férias não assistimos, nem tivemos, qualquer tipo de problema.
Transportes
Os transportes públicos são quase inexistentes. Há táxis e umas
carrinhas que estão sempre a passar com imensa gente lá dentro.
A opção mais indicada para percorrer a ilha é alugar um jipe.
Os valores rondam os 60€ para um jipe 4X4 de 5 lugares. Nós tivemos sorte porque alugámos um jipe de 4 lugares a 37eur/dia, mas quando chegámos
entregaram-nos um de 5 lugares pelo mesmo preço.
Atenção que algumas estradas de São Tomé são péssimas e os carros
alugados já vêm com muitos problemas mecânicos por causa disso.
Guias
Outra opção é contratar um guia que já tenha carro e mostre os locais da ilha. Só por curiosidade em conversa com um casal na praia que estava em lua de Mel, disseram-nos que foram da capital à ilha das rolas com um guia e almoço incluído pelo valor de 80€ cada um.
Para quem não quiser conduzir deixo o contacto do rapaz que nos alugou o carro e que também é guia em São Tomé, o Ney: +2399922957
Saúde
Para evitar problemas de estômago e intestinos, convém tomar as
precauções como beber apenas água engarrafada, evitar frutas com pele,
bebidas com gelo ou alimentos mal cozinhados.
A malária é praticamente inexistente hoje em dia em São Tomé, no
entanto, convém prevenir e usar sempre repelente ou fazer a vacina da
malária.
Nós optámos por não nos vacinarmos e levámos repelente contra
insetos. Os mosquitos não perdoam, especialmente ao amanhecer e
entardecer e mesmo com repelente fui picada várias vezes.
Tenho uma amiga que se vacinou e gastou mais de 100€ nas vacinas.
Estas vacinas também podem causar reações adversas em determinadas pessoas. Um
rapaz que conhecemos lá, disse-nos que a mãe estava de casa doente desde que tinha
tomado as vacinas. Cada um deve fazer o que acha melhor para si e assumir as
consequências caso alguma coisa corra mal.
Para este destino é importante fazer um seguro de viagem porque os hospitais são poucos e com poucas condições.
Visto
Para quem fique menos de 15 dias em São Tomé não é preciso visto.
Clima
São Tomé e Príncipe tem um clima tropical, com altas temperaturas
entre os 23 e os 31 graus. As chuvas ocorrem principalmente de Fevereiro a Maio
e de Outubro a Dezembro.
Há sempre muita humidade, de tal modo que as toalhas de banho não
secavam de um dia para o outro.
Eu estive em São Tomé em fevereiro e apanhei apenas um dia de forte
chuvada, os restantes dias foram marcados por muito calor, muita humidade
alguns momentos de céu completamente limpo, mas quase sempre nublado.
Porém, pelo que li vale a pena a visita, porque embora mais pequena, é mais bonita que a ilha de São Tomé.
Por curiosidade a colheita de cacau acontece 2 vezes ao ano. Depois de apanhados os frutos são cortados ao meio e retiram-se as sementes. Cada fruto tem 20 a 40 sementes (mais ou menos do tamanho de uma amêndoa).
Depois disso, é feita a fermentação: Colocam-se as sementes no chão, em caixas de madeira com buracos que permitem que o excesso de líquido escorra. O objetivo é evitar a germinação e a remoção da pele presa na semente. Depois deste processo a cor das sementes passa de bege para roxo, mas, os grãos de cacau ainda estão bastante húmidos, por isso são espalhados pelo chão para secarem ao sol. Já secas, as sementes são separadas por tamanho e qualidade – guardadas em sacos e enviadas aos fabricantes de chocolate que as vão processar industrialmente nos seus países.
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