sábado, 22 de outubro de 2016

AÇORES


No dia 29 de Agosto de 2016, madrugámos para ir apanhar o avião da Sata em direcção aos Açores (O arquipélago foi descoberto por Diogo Silves em 1427).
Embora já conhecêssemos 4 ilhas visitadas há 11 anos atrás, decidimos voltar porque é um destino paradisíaco que merece sempre o regresso, além disso, levámos os meus pais para o conhecerem.
Desta vez ficámos 3 dias em São Miguel e um dia na Terceira.
Tivemos um início de viagem turbulento, resultado de vários contratempos por a minha mãe ir numa cadeira de rodas, mas acabou tudo por se resolver, já que todos os intervenientes no decurso se esmeraram para que tal acontecesse.
Como era cedo, depois de levantarmos o carro alugado no aeroporto optamos por dar início à visita à ilha de São Miguel antes de irmos para a residencial.
A primeira paragem foi numa das paisagens mais bonitas da ilha, que é o miradouro da Vista do Rei com vista para a Lagoa das Sete Cidades. Seguimos uma estrada em terra que rodeava as lagoas e fomos parando para admirar as vistas magníficas.

A lagoa das sete cidades é o maior lago de água doce dos Açores, sendo constituído por duas lagoas, uma de cor azul e outra verde, unicamente separadas por uma ponte e foi considerada umas das 7 maravilhas de Portugal.


Lá em cima, no miradouro da Vista do Rei vemos um hotel abandonado e em ruínas em plena área protegida (Hotel Monte Palace). Este hotel de 5 estrelas, (O mais luxuoso dos Açores) abriu em 1989 tinha cerca de 100 empregados  e declarou falência um ano e meio depois. Muita gente não resiste a visita-lo, quer pela magnifica vista das varandas ou simplesmente por curiosidade. É caricato saber que no dia em que o diretor do Monte Palace recebia em Lisboa o prémio de Hotel do Ano, em 1990, o staff em São Miguel era informado de que o hotel de cinco estrelas ia fechar.  Em 2011 deixou de ser vigiado e roubaram tudo, mesmo tudo, até os elevadores! Monte Palace foi um dos empreendimentos mais luxuosos da ilha, mas ninguém queria ir lá dormir. Segundo consta o facto de este ter sido construído numa zona muito sujeita a nevoeiros que tapavam as vistas, fez com que perdesse clientela até falir. Agora está à venda no OLX por quase 1,5 milhões de euros, alguém quer comprar ?


 
Parámos para almoçar no restaurante Lagoa Azul com buffet onde comemos bem e a bom preço (12€/pessoa).
Continuámos caminho pelos mosteiros que tem também um miradouro e as piscinas naturais caneiros.
Fomos contornando a ilha passando por Remédios, Santa Barbara e Capelas.  Seguimos até Fajã de Baixo onde visitámos umas estufas de ananás. Uma visita interessante porque desconhecia o modo como é feita a cultura do ananás e é engraçado ver os ananases nas diversas fases de crescimento. São necessários no total 18 meses para que um ananás nos açores esteja completamente produzido!



Já em Ribeira Grande vimos umas grandes piscinas e um miradouro com panorama sobre a cidade e o mar.



Seguimos até às caldeiras parando num local com manifestações vulcânicas, com uma piscina de água a ferver, futuras caldeiras para fazer o cozido e futuras termas.



Parámos na caldeira velha (tem uma cascata e um pequeno lago de água tépida), mas pagava-se 2€ e não entrámos porque não pretendíamos tomar banho. Além disso, já o tínhamos feito há 11 anos quando a entrada ainda era gratuita!.
Continuámos caminho sempre a subir e parámos num dos miradouros para vermos a beleza de Lagoa do Fogo. Lagoa do Fogo é um dos locais emblemáticos dos Açores, já que é uma das maiores lagoas das ilhas e a segunda maior de São Miguel (a maior de todas é a Lagoa das Sete Cidades). 



No segundo dia passámos por Ribeira Seca parando no miradouro de Santa Iria, frente à Baía de Santa Iria onde temos uma vista sobre a localidade de Porto Formoso e sobre a costa Norte.



Já em Porto Formoso visitámos uma pitoresca plantação de chá (entrada gratuita). A fábrica de chá Porto Formoso (Património Industrial da Região), tem à disposição dos seus visitantes jardins panorâmicos, um museu, uma sala de chá e uma loja. A visita consiste num passeio pelo interior da fábrica, onde nos explicam as diferentes fases da produção dos chás. No fim do percurso, é-nos servido um chá numa sala com decoração inspirada nas cozinhas tradicionais da ilha de São Miguel, ou numa esplanada de onde nos deliciamos com uma bonita vista sobre as várias plantações de chá e a freguesia de Porto Formoso. É na ilha de São Miguel, a maior ilha do arquipélago dos Açores, que se encontram as únicas plantações de chá da Europa para fins industriais.




No Miradouro do Pico do Ferro temos uma imensa vista sobre grande cratera vulcânica do Vale das Furnas. A Lagoa das Furnas destaca-se à direita do miradouro e o vale à esquerda. É também possível ver em redor toda a área montanhosa.



Nas furnas (Paisagem natural protegida) existem vários campos com fumarolas. As fumarolas são um fenómeno de vulcanismo secundário que consiste na libertação de gases para a atmosfera através de fissuras, formando-se à sua volta depósitos de enxofre. A lagoa da Furnas tem água quente e é de cor escura e as fumarolas nas margens desta lagoa emitem um odor sulfuroso no ar pouco agradável, de tal modo que os meus pais que queriam comer o cozido das furnas mudaram de ideias por causa do cheiro. O famoso cozido é confeccionado numas caldeiras naturais com o calor da terra, sendo estas caldeiras tapadas com uma tábua de madeira e terra. Eu pessoalmente que já tinha provado o cozido, não o recomendei, porque na altura achei as couves chocas e a carne pouco saborosa. Mas os gostos não se discutem, por isso para quem tem curiosidade devem reservar com antecedência e aproveitar para nesse dia verem o seu cozido a ser tirado das caldeiras entre as 12h e as 15h. Os preços rondam os 15€/dose.
O acesso à lagoa é pago – 50 cêntimos/pessoa e 20 cêntimos por cada 15 minutos de parqueamento de carro.
Nas furnas é possível tomar banho de água quente, quer na poça de D.Beja, quer no Parque de Terra Nostra, mas nós não estávamos para aí virados, porque o cheiro sulfuroso incomodava.


Prosseguimos até Ribeira Quente. onde parámos para ver a praia do fogo com areia, seguimos até Povoação e fomos contornando a ilha na região Nordeste parando no miradouro da Ponta da Madrugada e Miradouro da Ponta do Sossego.

   
O Miradouro da Ponta da Madrugada, bem no topo de uma bonita falésia, permite ter um panorama de grande beleza sobre o mar e a verdejante ilha de São Miguel.


O Miradouro da Ponta do Sossego, está muito bem preservado, com um bonito e grande jardim e parque de merendas. Apesar de oferecer uma vista ampla sobre a costa norte da ilha e sobre parte das montanhas do Nordeste, desta vez gostei mais do miradouro, do que propriamente da vista.




Ao fim do dia já a caminho de Ponta Delgada, ao passar por Vila Franca do campo podemos ver ao longe o Ilhéu de Vila Franca do Campo. O Ilhéu de Vila Franca (Reserva natural) é uma pequena ilha vulcânica com uma forma quase perfeitamente circular, resultado da cratera de um antigo vulcão submerso a cerca de 1km da costa de Vila Franca e que durante a época balnear recebe muita gente para usufruir da sua piscina natural de água cristalina, que comunica com o mar por uma estreita passagem. O bilhete do barco custa 5€ (ida e volta)


Na manhã seguinte tínhamos que deixar o hotel, por isso aproveitámos para passear pela cidade e ver o mercado. O mercado ainda estava a meio gás e a cidade não é muito bonita, toda de preto e branco e sem nada de relevante a apontar. O piso é em calçada dificultando a circulação da cadeira de rodas.






Deixámos a residencial Alcides (uma residencial agradável e suficiente para as nossas exigências) e seguimos caminho por estradas que ainda não tínhamos percorrido.




O destino era a lagoa do canário e até lá deleitámo-nos com belas paisagens de diversos tons verdes pintalgados com imensas vacas e campos recortados com muitas hortênsias (É lindo ver as hortênsias a acompanhar as estradas e a dividir os campos). Parámos na lagoa das empadadas e na lagoa do canário. Lagoa do Canário está rodeada de uma densa floresta. 









Há uma paisagem na Ilha de São Miguel que é muito comum ser vista nos catálogos de viagens para os Açores, mas que ainda não tínhamos visto. Trata-se do Miradouro da Grota do Inferno, na Mata do Canário, junto à Lagoa do Canário. Fomos à procura deste miradouro. A entrada para lá passa despercebida. A partir de Ponta Delgada segue-se pela estrada que vai em direcção às Sete Cidades e do lado direito surge um portão que dá acesso ao Parque Florestal da Mata do Canário. Esse portão tem um placard com os horários em que é permitido o acesso a veículos. Atravessámos a entrada e seguimos por um caminho de terra batida, rodeado por vegetação alta, até chegar a um estacionamento que tem uma tabuleta a informar que está na Lagoa do Canário. Estacionámos o carro e depois tivemos que seguir a pé por um trilho de terra batida. Subimos o trilho durante 10min e lá em cima a surpresa…estávamos no Miradouro da Grota do Inferno e a paisagem era incrível…Sentimo-nos pequeninos perante tanta beleza. À nossa frente, a Caldeira das Sete Cidades, com as Lagoas Azul, Rasa e de Santiago e parte da povoação das Sete Cidades, além de parte da Serra Devassa. Vemos o mar, a montanha e as lagoas, no meio de uma vegetação natural e selvagem. Não há fotografia que consiga apanhar tudo o que estamos a ver.  Para mim a melhor paisagem da ilha absolutamente imperdível e de beleza ímpar.







A Lagoa de Santiago é uma lagoa profunda na Serra Devassa, no fundo de uma cratera vulcânica do Maciço das Sete Cidades. Está rodeada por floresta e fica próxima do Miradouro da Lagoa do Canário. Ao rodeá-la a estrada está bordeada por margens cobertas de hortênsias que tornam o caminho encantador. Para ver a lagoa, só parando de carro passando em alguma abertura entre as hortênsias caso contrario nem percebemos que ela está lá.


Terminámos o dia a dar uma volta pelo shopping de Ponta Delgada até chegar a hora de apanhar o avião até à ilha da Terceira.
São Miguel é para mim uma das ilhas mais bonitas que merece sem dúvida uma visita e para quem tiver oportunidade faça-o no mês de Junho, na altura em que as hortênsias estão mais floridas e com cores mais vivas.



A ilha da terceira é a 3ª maior ilha dos Açores, mas chama-se terceira por ter sido a 3ª ilha açoriana a ser descoberta. Para quem quer visitar de carro na minha opinião um dia é suficiente.
Depois de deixarmos as malas no hotel Zenite em Angra do heroísmo (Um hotel muito agradável apesar de ser de duas estrelas), partimos em direcção a Santa Barbara e Doze Ribeiras. Por aqui, como o tempo estava limpo e sem nuvens foi possível avistar a ilha de São Jorge e Graciosa. Parámos no miradouro Ponta do Raminho para observar as vistas. Seguimos até biscoitos onde existem umas lindas piscinas naturais formadas entre rochas resultantes de erupções vulcânicas. A temperatura da água até estava agradável mas ainda era cedo e não apetecia dar um mergulho.




Continuámos caminho até à bonita praia da vitória onde parámos para almoçar. A Praia da Vitória é uma cidade cheia de igrejas cada uma de sua cor.






Fomos de carro até ao miradouro da Cruz de D.Beatriz que tem uma bela vista sobre a praia e a marina.




Passámos pelas Lajes a 3Km da Praia da Vitoria onde está o aeroporto. É nítido a ausência dos americanos na base das Lajes. Há 11 anos atrás víamos carros americanos por todo o lado, mas desta vez nem um vimos!
 Em seguida subimos até à serra do cume para admirar as mais belas vistas da ilha. Dum lado podemos ver o ex-libris da ilha que é a “paisagem da manta de retalhos”. É sem dúvida uma paisagem de cortar a respiração e impossível de mostrar numa fotografia. São imensos campos verdes de diversas cores verdes e divididos geometricamente com muros de pedras e hortênsias.



 Do outro lado, podemos ver a baía da Praia da Vitória e a planície das Lajes.



Continuámos em direcção a Porto Judeu, Feteira e até à serra da Ribeirinha, onde parámos em mais um miradouro com uma paisagem muito bonita para os ilhéus das cabras e o Monte Brasil.



A próxima paragem foi já no centro da ilha nas furnas de enxofre, onde testemunhámos a força do vulcanismo também na ilha da Terceira, percorrendo um trilho em volta de fumarolas que libertavam enxofre (classificadas como Monumento Natural).
Próximo das furnas encontra-se a famosa gruta do Algar do Carvão (Antiga conduta vulcânica), mas como chegámos tarde já não foi possível a visita.




Prosseguimos até ao Monte Brasil (Paisagem Protegida) já em Angra do Heroísmo que é um antigo vulcão com origem no mar, onde observámos gazelas e uma bela vista sobre a cidade e a baía de Angra do Heroísmo.






Por fim, percorremos as ruas de Angra do Heroísmo, cidade Património Mundial desde 1983. Fiquei encantada com as mudanças que ocorreram desde a última vez que tinha visitado a ilha. As casas têm varandas de ferro e fachadas multicolores, alterando as cores dos rebordos e das cantarias. Pelas ruas há imensos candeeiros antigos e floridos. É de facto uma cidade muito agradável visualmente, mas não muito fácil para a cadeira de rodas da minha mãe, dado que as estradas são só paralelos.  Fomos jantar ao snack bar Copacabana onde comemos bem e a bom preço.






Terminámos o dia com um passeio nocturno, onde aproveitei para tirar uma foto ao lado de Vasco da Gama, à praia de ponta delgada e à igreja da Misericórdia.





Dos Açores só tenho a dizer bem, tudo muito verde, muito limpo, paisagens naturais lindas com imensas vacas, prados com tonalidades invulgares, estradas orladas por hortênsias, lagoas alojadas em crateras de vulcões, fumarolas e nascentes de água quente, piscinas naturais. Enfim, é um verdadeiro paraíso para todos os que gostam de Natureza.
As mudanças em 11 anos foram muitas e para melhor, há agora numerosos miradouros muito bem cuidados e estrategicamente posicionados proporcionando vistas deslumbrantes. A população dos Açores é muito hospitaleira e está agora empenhada mais do que nunca em preservar o seu património para atrair cada vez mais o turismo de onde vem a maior parte do seu rendimento.