No dia 29 de Agosto de 2016, madrugámos para ir
apanhar o avião da Sata em direcção aos Açores (O arquipélago foi descoberto
por Diogo Silves em 1427).
Embora já conhecêssemos
4 ilhas visitadas há 11 anos atrás, decidimos voltar porque é um destino paradisíaco
que merece sempre o regresso, além disso, levámos os meus pais para o
conhecerem.
Desta vez ficámos 3 dias em São Miguel e um dia
na Terceira.
Tivemos um início de viagem turbulento, resultado
de vários contratempos por a minha mãe ir numa cadeira de rodas, mas acabou tudo
por se resolver, já que todos os intervenientes no decurso se esmeraram para
que tal acontecesse.
Como era cedo, depois de levantarmos o carro
alugado no aeroporto optamos por dar início à visita à ilha de São Miguel antes
de irmos para a residencial.
A primeira paragem foi numa das paisagens mais
bonitas da ilha, que é o miradouro da Vista do Rei com vista para a Lagoa das
Sete Cidades. Seguimos uma estrada em terra que rodeava as lagoas e fomos
parando para admirar as vistas magníficas.
A lagoa das sete cidades é o maior lago de água
doce dos Açores, sendo constituído por duas lagoas, uma de cor azul e outra
verde, unicamente separadas por uma ponte e foi considerada umas das 7
maravilhas de Portugal.
Lá em cima, no miradouro da Vista do Rei vemos um
hotel abandonado e em ruínas em plena área protegida (Hotel Monte Palace). Este
hotel de 5 estrelas, (O mais luxuoso dos Açores) abriu em 1989 tinha cerca de
100 empregados e declarou falência um ano e meio depois. Muita gente não
resiste a visita-lo, quer pela magnifica vista das varandas ou
simplesmente por curiosidade. É caricato saber que no dia em que o diretor do
Monte Palace recebia em Lisboa o prémio de Hotel do Ano, em 1990, o staff em
São Miguel era informado de que o hotel de cinco estrelas ia fechar. Em
2011 deixou de ser vigiado e roubaram tudo, mesmo tudo, até os elevadores!
Monte Palace foi um dos empreendimentos mais luxuosos da ilha, mas ninguém
queria ir lá dormir. Segundo consta o facto de este ter sido construído numa
zona muito sujeita a nevoeiros que tapavam as vistas, fez com que perdesse
clientela até falir. Agora está à venda no OLX por quase 1,5 milhões de
euros, alguém quer comprar ?
Parámos para almoçar no restaurante Lagoa Azul
com buffet onde comemos bem e a bom preço (12€/pessoa).
Continuámos caminho pelos mosteiros que tem
também um miradouro e as piscinas naturais caneiros.
Fomos contornando a ilha passando por Remédios,
Santa Barbara e Capelas. Seguimos até Fajã de Baixo onde visitámos umas
estufas de ananás. Uma visita interessante porque desconhecia o modo como é
feita a cultura do ananás e é engraçado ver os ananases nas diversas fases de
crescimento. São necessários no total 18 meses para que um ananás nos açores
esteja completamente produzido!
Já em Ribeira Grande vimos umas grandes piscinas e um miradouro com panorama sobre a cidade e o mar.
Seguimos até às caldeiras parando num local com
manifestações vulcânicas, com uma piscina de água a ferver, futuras caldeiras
para fazer o cozido e futuras termas.
Parámos na caldeira velha (tem uma cascata e um
pequeno lago de água tépida), mas pagava-se 2€ e não entrámos porque não
pretendíamos tomar banho. Além disso, já o tínhamos feito há 11 anos quando a
entrada ainda era gratuita!.
Continuámos caminho sempre a subir e parámos num
dos miradouros para vermos a beleza de Lagoa do Fogo. Lagoa do Fogo é um dos
locais emblemáticos dos Açores, já que é uma das maiores lagoas
das ilhas e a segunda maior de São Miguel (a maior de todas é a Lagoa das Sete Cidades).
No segundo dia passámos por Ribeira Seca parando
no miradouro de Santa Iria, frente à Baía de Santa Iria onde temos uma vista
sobre a localidade de Porto Formoso e sobre a costa Norte.
Já em Porto Formoso visitámos uma pitoresca
plantação de chá (entrada gratuita). A fábrica de chá Porto Formoso (Património
Industrial da Região), tem à disposição dos seus visitantes jardins panorâmicos,
um museu, uma sala de chá e uma loja. A visita consiste num passeio pelo interior
da fábrica, onde nos explicam as diferentes fases da produção dos chás. No fim
do percurso, é-nos servido um chá numa sala com decoração inspirada nas
cozinhas tradicionais da ilha de São Miguel, ou numa esplanada
de onde nos deliciamos com uma bonita vista sobre as várias plantações de chá e
a freguesia de Porto Formoso. É na ilha de São Miguel, a
maior ilha do arquipélago dos Açores, que se encontram as únicas plantações de
chá da Europa para fins industriais.
No Miradouro do Pico do Ferro temos uma
imensa vista sobre grande cratera vulcânica do Vale das Furnas. A Lagoa das Furnas destaca-se à direita do
miradouro e o vale à esquerda. É também possível ver em redor toda a área
montanhosa.
Nas furnas (Paisagem natural protegida) existem
vários campos com fumarolas. As fumarolas são um fenómeno de vulcanismo
secundário que consiste na libertação de gases para a atmosfera através de
fissuras, formando-se à sua volta depósitos de enxofre. A lagoa da Furnas tem
água quente e é de cor escura e as fumarolas nas margens desta lagoa emitem um
odor sulfuroso no ar pouco agradável, de tal modo que os meus pais que queriam
comer o cozido das furnas mudaram de ideias por causa do cheiro. O famoso
cozido é confeccionado numas caldeiras naturais com o calor da terra, sendo
estas caldeiras tapadas com uma tábua de madeira e terra. Eu pessoalmente que
já tinha provado o cozido, não o recomendei, porque na altura achei as couves
chocas e a carne pouco saborosa. Mas os gostos não se discutem, por isso para
quem tem curiosidade devem reservar com antecedência e aproveitar para nesse
dia verem o seu cozido a ser tirado das caldeiras entre as 12h e as 15h. Os
preços rondam os 15€/dose.
O acesso à lagoa é pago – 50 cêntimos/pessoa e 20
cêntimos por cada 15 minutos de parqueamento de carro.
Nas furnas é possível tomar banho de água quente,
quer na poça de D.Beja, quer no Parque de Terra Nostra, mas nós não estávamos
para aí virados, porque o cheiro sulfuroso incomodava.
Prosseguimos até Ribeira Quente. onde parámos para
ver a praia do fogo com areia, seguimos até Povoação e fomos contornando a ilha
na região Nordeste parando no miradouro da Ponta da Madrugada e Miradouro da
Ponta do Sossego.
O Miradouro da Ponta da Madrugada, bem
no topo de uma bonita falésia, permite ter um panorama de grande beleza sobre o
mar e a verdejante ilha de São Miguel.
O Miradouro da Ponta do Sossego, está
muito bem preservado, com um bonito e grande jardim e parque de merendas. Apesar
de oferecer uma vista ampla sobre a costa norte da ilha e sobre parte das montanhas do Nordeste, desta vez gostei
mais do miradouro, do que propriamente da vista.
Ao fim do dia já a caminho de Ponta Delgada, ao
passar por Vila Franca do campo podemos ver ao longe o Ilhéu de Vila Franca do
Campo. O Ilhéu de Vila Franca
(Reserva natural) é uma pequena ilha vulcânica com uma forma
quase perfeitamente circular, resultado da
cratera de um antigo vulcão submerso a cerca de 1km da costa de Vila Franca e
que durante a época balnear recebe muita gente para usufruir da sua piscina
natural de água cristalina, que comunica com o mar por uma
estreita passagem. O bilhete do barco custa 5€ (ida e volta)
Na manhã seguinte tínhamos que deixar o hotel,
por isso aproveitámos para passear pela cidade e ver o mercado. O mercado ainda
estava a meio gás e a cidade não é muito bonita, toda de preto e branco e sem
nada de relevante a apontar. O piso é em calçada dificultando a circulação da
cadeira de rodas.
Deixámos a residencial Alcides (uma residencial
agradável e suficiente para as nossas exigências) e seguimos caminho por
estradas que ainda não tínhamos percorrido.
O destino era a lagoa do canário e até lá
deleitámo-nos com belas paisagens de diversos tons verdes pintalgados com
imensas vacas e campos recortados com muitas hortênsias (É lindo ver as
hortênsias a acompanhar as estradas e a dividir os campos). Parámos na lagoa das
empadadas e na lagoa do canário. Lagoa do Canário está rodeada de uma densa
floresta.
Há uma paisagem na Ilha de São Miguel que é muito comum ser vista nos
catálogos de viagens para os Açores, mas que ainda não tínhamos visto.
Trata-se do Miradouro
da Grota do Inferno,
na Mata do Canário, junto à Lagoa do Canário. Fomos à procura deste miradouro.
A entrada para lá passa despercebida. A partir de Ponta Delgada
segue-se pela estrada que vai em direcção às Sete Cidades e do lado direito
surge um portão que dá acesso ao Parque Florestal da Mata do Canário. Esse
portão tem um placard com os horários em que é permitido o acesso a veículos.
Atravessámos a entrada e seguimos por um caminho de terra batida, rodeado por
vegetação alta, até chegar a um estacionamento que tem uma tabuleta a informar
que está na Lagoa do Canário. Estacionámos o carro e depois tivemos que seguir
a pé por um trilho de terra batida. Subimos o trilho durante 10min e lá em cima
a surpresa…estávamos no Miradouro da Grota do Inferno e a paisagem era
incrível…Sentimo-nos pequeninos perante tanta beleza. À nossa frente, a
Caldeira das Sete Cidades, com as Lagoas Azul, Rasa e de Santiago e parte da
povoação das Sete Cidades,
além de parte da Serra Devassa. Vemos o mar, a montanha e
as lagoas, no meio de uma vegetação natural e selvagem. Não há fotografia que
consiga apanhar tudo o que estamos a ver. Para mim a melhor paisagem da
ilha absolutamente imperdível e de beleza ímpar.
A Lagoa de Santiago é uma lagoa
profunda na Serra Devassa, no fundo de uma cratera vulcânica do Maciço das Sete Cidades.
Está rodeada por floresta e fica próxima do Miradouro da Lagoa do Canário. Ao rodeá-la a estrada está bordeada por margens
cobertas de hortênsias que tornam o caminho encantador. Para ver a lagoa, só
parando de carro passando em alguma abertura entre as hortênsias caso contrario
nem percebemos que ela está lá.
Terminámos o dia a dar uma volta pelo shopping de
Ponta Delgada até chegar a hora de apanhar o avião até à ilha da Terceira.
São Miguel é para mim uma das ilhas mais bonitas
que merece sem dúvida uma visita e para quem tiver oportunidade faça-o no mês
de Junho, na altura em que as hortênsias estão mais floridas e com cores mais
vivas.
A ilha da terceira é a 3ª maior ilha dos Açores,
mas chama-se terceira por ter sido a 3ª ilha açoriana a ser descoberta. Para
quem quer visitar de carro na minha opinião um dia é suficiente.
Depois de deixarmos as malas no hotel Zenite em
Angra do heroísmo (Um hotel muito agradável apesar de ser de duas estrelas),
partimos em direcção a Santa Barbara e Doze Ribeiras. Por aqui, como o tempo
estava limpo e sem nuvens foi possível avistar a ilha de São Jorge e Graciosa.
Parámos no miradouro Ponta do Raminho para observar as vistas. Seguimos até
biscoitos onde existem umas lindas piscinas naturais formadas entre rochas
resultantes de erupções vulcânicas. A temperatura da água até estava agradável
mas ainda era cedo e não apetecia dar um mergulho.
Continuámos caminho até à bonita praia da vitória
onde parámos para almoçar. A Praia da Vitória é uma cidade cheia
de igrejas cada uma de sua cor.
Fomos de carro até ao miradouro da Cruz de
D.Beatriz que tem uma bela vista sobre a praia e a marina.
Passámos pelas Lajes a 3Km da Praia da Vitoria
onde está o aeroporto. É nítido a ausência dos americanos na base das Lajes. Há
11 anos atrás víamos carros americanos por todo o lado, mas desta vez nem um
vimos!
Em seguida subimos até à serra do cume para
admirar as mais belas vistas da ilha. Dum lado podemos ver o ex-libris da ilha
que é a “paisagem da manta de retalhos”. É sem dúvida uma paisagem de cortar a
respiração e impossível de mostrar numa fotografia. São imensos campos verdes
de diversas cores verdes e divididos geometricamente com muros de pedras e
hortênsias.
Do outro lado, podemos ver a baía da Praia da Vitória e a planície das Lajes.
Continuámos em direcção a Porto Judeu, Feteira e
até à serra da Ribeirinha, onde parámos em mais um miradouro com uma paisagem
muito bonita para os ilhéus das cabras e o Monte Brasil.
A próxima paragem foi já no centro da ilha nas
furnas de enxofre, onde testemunhámos a força do vulcanismo também na ilha da
Terceira, percorrendo um trilho em volta de fumarolas que libertavam enxofre
(classificadas como Monumento Natural).
Próximo das furnas encontra-se a famosa gruta do
Algar do Carvão (Antiga conduta vulcânica), mas como chegámos tarde já não foi
possível a visita.
Prosseguimos até ao Monte Brasil (Paisagem
Protegida) já em Angra do Heroísmo que é um antigo vulcão com origem no mar,
onde observámos gazelas e uma bela vista sobre a cidade e a baía de Angra do
Heroísmo.
Por fim, percorremos as ruas de Angra do
Heroísmo, cidade Património Mundial desde 1983. Fiquei encantada com as
mudanças que ocorreram desde a última vez que tinha visitado a ilha. As casas
têm varandas de ferro e fachadas multicolores, alterando as cores dos rebordos
e das cantarias. Pelas ruas há imensos candeeiros antigos e floridos. É de facto
uma cidade muito agradável visualmente, mas não muito fácil para a cadeira de
rodas da minha mãe, dado que as estradas são só paralelos. Fomos jantar
ao snack bar Copacabana onde comemos bem e a bom preço.
Terminámos o dia com um passeio nocturno, onde
aproveitei para tirar uma foto ao lado de Vasco da Gama, à praia de ponta delgada e à igreja da
Misericórdia.
Dos Açores só tenho a dizer bem, tudo muito
verde, muito limpo, paisagens naturais lindas com imensas vacas, prados com
tonalidades invulgares, estradas orladas por hortênsias, lagoas alojadas em
crateras de vulcões, fumarolas e nascentes de água quente, piscinas naturais.
Enfim, é um verdadeiro paraíso para todos os que gostam de Natureza.
As mudanças em 11 anos foram muitas e para
melhor, há agora numerosos miradouros muito bem cuidados e estrategicamente
posicionados proporcionando vistas deslumbrantes. A população dos Açores é
muito hospitaleira e está agora empenhada mais do que nunca em preservar o seu
património para atrair cada vez mais o turismo de onde vem a maior parte do seu
rendimento.
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